Primeiro peço desculpa por não ter postado os outros capítulos mais cedo. A culpa é minha e não da autora. Por isso aqui vai o 2º capítulo.
Capitulo 2- Sufoco
I parte
Patch estava diante de mim. Vestido como sempre, t-shirt e calças de ganga preta e botas de biqueira de aço, igualmente pretas. Com a mesma postura descontraída e provocante de sempre. Já eu envergava um pijama de algodão às ricas rosa. O meu quarto era o local do nosso encontro. Não me lembrava de o ter convidado a entrar, nem muito menos de algum dia ter-lhe dado a minha morada.
Ele aproximou-se pesarosamente. Enrolou um dos meus caracóis à volta do seu dedo indicador.
- De que fugias?- perguntou.
- De nada. Já te tinha dito. E que fazes aqui?
- Vim falar contigo… - respondeu, largando o meu caracol.
- E como entraste? Pela janela da cozinha? – aquela janela estava constantemente a ficar presa e com algum jeito e a força de Patch poderia ser aberta facilmente.
Patch acenou negativamente.
- Entrei pela porta.
Como é que era possível? Lembro-me perfeitamente que depois de chegar a casa, quando a Vee se foi embora, ter trancado a porta.
- Arrombaste-a?
- Calma…- disse aproximando-se, tocou a minha face com as mãos. Aquele toque fez-me estremecer, não de medo ou de frio mas de prazer – foste tu que me deixaste entrar.
Eu? Como poderia eu ter deixado entrar um rapaz que mal conhecia, já para não falar do facto de a minha mãe me matar se levasse para casa um alguém do sexo masculino.
- É impossível… - disse – eu nunca o faria.
- Não digas isso… - as suas mãos pousaram nos meus ombros – sabes que não é verdade. Meu Anjo… - as suas mãos subiram para o meu pescoço, começando a exercer força.
- Eu… estou… não… consigo… respirar – a força que ele exercia deixava-me sem ar. Ele quereria matar-me? Desesperadamente debati-me, mas a sua força e agilidade superavam o meu corpo.
Quase inconsciente, deixou-me cair sobre a cama, como um peso morto. Não me conseguia mover.
- Desculpa, meu Anjo mas tinha de fazê-lo. Sabes que na verdade a culpa é tua. Não deverias ter feito aquilo.
Enterrou os seus dedos nos meus caracóis, com delicadeza levantou a minha cabeça. Os seus lábios coloram-se aos meus, o contacto entre eles enlouqueceu-me.
Tão depressa me beijava como se esfumava da divisão onde antes se encontrava. Eu continuava sobre a cama, imóvel, recordando aquele beijo.
***
II parte
Acordei ofegante. Continuava no quarto, deitada sobre a cama. Teria sido um sonho? Levantei-me com dificuldade, sentia o corpo pesado e que este mal respondia às minhas ordens, de modo a que ficasse à frente do espelho. Observei-me. Nada. Não tinha marcas no pescoço, o que significava que tudo não passara de uma ilusão criada pela minha mente. Talvez se devesse ao incidente das casas de banho, do dia anterior.
O relógio marcava as cinco e meia da manhã, sabia que não conseguiria voltar a adormecer, decidi então, tomar um duche e prepara-me para mais um dia de aulas. Depois de um demorado duche e de ter passado quinze minutos à volta do roupeiro decidi-me por uns jeans de ganga escura, um top com motivos florais, um casaco preto e uns mocassins azuis.
Arrastei-me até à cozinha para preparar a minha primeira refeição do dia. Estava prestes a tomar o pequeno-almoço quando alguém tocou à campainha. Quem seria? Vee ficara de vir-me buscar, mas mesmo que a casa estivesse a arder ela não sairia da cama a esta hora. Talvez fosse a empregada que decidiu vir mais cedo. Mas ela tinha a chave, não precisaria de tocar à campainha.
Caminhei até aporta de entrada. Rodei a chave e seguidamente a maçaneta. Com um clique a porta abriu-se pesadamente.
Do outro lado da porta, encostado à ombreira estava Patch. O que estaria ela ali a fazer? Como sabia onde eu morava?
- Bom dia. – cumprimentou, a sua voz sedutora e enigmática congelou o meu cérebro – Posso entrar?
- Que fazes aqui?
- Vim trazer-te algo. Presumo que te pertença. – levou a mão ao bolso retirando de lá o meu anel. Aquele que o meu pai me dera.
- Como é que o tens?
- Deixaste-o cair quando foste contra mim, ontem, quando fugias…
Aquela era uma explicação convincente mas faltava esclarecer como sabia onde morava.
- Deves estar a perguntar-te como soube onde moravas… - parecia ter lido os meus pensamentos – foi a tua amiga Vee, encontrei-a ontem, enquanto estava a fazer compras e perguntei-lhe onde moravas.
Aquela idiota não sabe estar calada, deve continuar com aquela ideia de que tenho de me apaixonar, algo que nunca aconteceu, nem tão cedo irá acontecer.
- Ok, agradeço pela preocupação de devolveres aquilo que é meu mas é melhor ires embora, estou à espera da Vee para irmos para as aulas.
Patch pareceu não ouvir o que eu dissera, entrou pela minha casa dentro sem que eu autorizasse. Dirigiu-se à cozinha. Fechei a porta e segui-o. Quem pensava ele que era, para entrar assim em minha casa?
- Sai!- ordenei furiosa.
Mais uma vez pareceu não me escutar. Abriu o armário, tirando de lá um copo. De seguida serviu-se do frigorífico, sentando-se, finalmente numa das cadeiras junto ao balcão.
- A Vee não vem. Eu disse-lhe que te levava à escola…
III parte
Quando chegar à escola, definitivamente eu vou matar a Vee. Primeiro dá a minha morada a um estranho, que a minha mãe etiquetaria como delinquente, e depois deixa que ele me leve para o liceu. Ela que se prepare que as coisas não vão ser bonitas.
- Então dormiste bem? – Patch fez-me parar de pensar na idiota que tenho como amiga, enquanto bebericava sumo natural de frutas.
-Porque perguntas?- questionei. Teria sido aquilo real? Tentaria Patch assassinar-me? Estava demasiado confusa. Só queria fugir dali.
- Sabes, eu preocupo-me contigo. Queria saber se estavas com energia suficiente para andares de mota. Mas antes precisas de acabar o teu pequeno-almoço. Eu limpo a cozinha.
Talvez não fosse assim tão mau. Estava a ser prestável. Ou talvez só me quisesse agradar. Continuei a comer os cereais. Patch procurou pelas gavetas um avental, retirou a taça onde antes estiveram os cereais, deu-me uma maçã já lavada e um copo de sumo. Começou a lavar a loiça do jantar de ontem, que ainda estava suja.
- Deixa-me ajudar-te. A casa é minha não deverias estar a fazer isto.
- Se insistes…limpas a loiça. – ordenou, atirando-me um pano à cara.
De cada vez que as nossas mãos se tocavam, um arrepio de deleite alastrava-se no meu corpo. Uma enorme vontade de beijá-lo perseguia-me. Nunca antes sentira nada assim. Estaria eu a apaixonar-me por ele? Não, tudo não passava de uma atracção física. Como que lendo os meus pensamentos Patch aproximou-se de mim, colocou uma mão à volta da minha cintura e a outra no meu pescoço. Sucumbi ao desejo. Enterrei os meus dedos no seu cabelo negros. Os nossos lábios coloram-se com paixão. Estremeci ao provar o seu sabor. Eu estava rendida à beleza dele. Só me apetecia parar o tempo naquele preciso momento, para que durasse para sempre. Mentalmente agradeci a Vee por tudo o que ela tinha feito. Afinal sobreviveria mais uns dias para me dar cabo da cabeça.
IV parte
- Hey, Nora… - chamou Patch – Está tudo bem contigo?
Continuávamos na cozinha, enquanto ele lavava a loiça suja eu limitava-me a limpa-la e a arruma-la de seguida. Ele não me tinha agarrado nem muito menos beijado. Eu tinha imaginado tudo.
- Sim… - respondi.
Patch riu-se. Não compreendi porquê. Mas estava demasiado ocupada a desvendar a razão para aquela alucinação. Nunca antes me sentira assim. Embora achasse alguns dos rapazes do liceu giros nunca tinha ficado realmente “apanhada” por nenhum deles. Teria de pensar calmamente acerca daquele acontecimento.
- Estás pronta? – perguntou Patch.
Olhei o para o relógio de parede, este marcava as seis e meia da manhã, as aulas só começavam às oito, que pretenderia ele fazer?
- Ainda falta muito tempo e não tenho tudo preparado. Mas porque queres ir já para o liceu? – questionei curiosa.
- Quem te disse que íamos para lá? – perguntou retoricamente – tenho de te levar a um sítio primeiro…
“ E se eu não quiser ir?” era isto que queria perguntar, no entanto a minha boca esboçou um simples “ok”. Estaria eu demasiado hipnotizada pela sua beleza para que não distinguisse o que estava correto e o que estava errado. Sem que ordenasse o meu corpo moveu-se, seguia-o até à porta e saí de casa. Depois de Patch se sentar na sua moto, atirou-me um capacete tão negro como a mota.
- Depressa… - ordenou – não temos muito tempo.
Inconscientemente segui as suas ordens.
Patch parecia acelerar tanto que poderia jurar que tocávamos as nuvens. Estava demasiado confusa com o facto de ter sonhado que Patch me tentara matar, com a alucinação em que nos beijávamos e com o facto de agir impulsivamente para prestar atenção ao caminho que seguimos. Apenas sabia que estava agarrada com força a Patch para que não caísse da mota.
Continuava em transe, até que o chiar ruidoso dos travões daquele meio de transporte anunciou a nossa chegada.
Larguei Patch, pesarosamente desci da mota, retirando o capacete da cabeça. Sacudi o cabelo. Estupefacta observei o nosso destino. Estava no parque de diversões da cidade, aquele que parecia estra assombrado e a necessitar de obras urgentemente. Nada mais nada menos do