sábado, 27 de abril de 2013

Fanfic Capítulo 7

Olá a Todos!

Aqui está mais um capítulo da fic
Capitulo 7-Lilith

Parte I

Aquele líquido viscoso escorregava lentamente por entre as minhas mãos. Queria limpa-las, mas não conseguia, sentia-me atraída pelo sangue que sabia não ser meu. Observava-o, intrigada, como era negro, como era profundo e maligno… Como me atrai para um abismo sem fim, me impulsionava a cometer atrocidades… Acordei do transe e dei por mim rodeada por Patch, Mickael e Miriam.
- Como é que eu posso ter sangue demoníaco? – perguntei, com receio da resposta.
- Não sei… - respondeu Miriam – Nunca antes tinha observado isto… É deveras peculiar, nem mesmo descendente demoníaco possuiu um sangue tão negro e tão puro. O que pensa sua alteza? – dirigiu-se ao arcanjo.
- Deixa-te de formalidades… Decerto que este acontecimento se deve à tua – encarou-me, fixamente – ligação com o demónio… Mas como disseste, Miriam, é um acontecimento isolado…
- Não é verdade – afirmou Patch calmamente.
-O que queres dizer com isso? Apenas os Arcanjos têm conhecimentos sobre as outras espécies… e nem mesmo nós temos registos de tal ocorrência.
- Esqueceste-te do meu passado. Em tempos também eu fora um Arcanjo. Os meus conhecimentos são equivalentes ou superiores aos teus… - disse Patch, não para se vangloriar, apenas como um facto.
- Que ultraje é esse?- Mickael, orgulhoso demais, não se apercebera das verdadeiras intenções do meu amado – Julgas-te superior a mim? O príncipe dos Arcanjos? Detentor de um dos maiores poderes celestes de todo o céu? Tu? Um reles Anjo Caído? Que por alguma razão foste condenado a permanecer preso a este mundo, pelo resto da tua existência? Um ser que nunca deveria ter possuído assas? Achas-te assim tão especial?
Patch não mostrava qualquer pontada de fúria perante tais provocações. Já Mickael, não parecia querer parar. Poderia ter continuado a maltrata-lo, mas Miriam entreviu. Pigarreou, não para limpar a garganta, mas para cala-lo respeitosamente.
- Desculpe-me sua alteza… Mas Jev tem razão…


II parte


- Vá lá Lilith… - gritava o rapaz – despacha-te… Sabes que não podes chegar atrasada certo?
O jovem de cabelos castanhos rondava-me, como uma ave de rapina sobrevoa uma presa, prestes a atacar. Dançava como uma borboleta que saltita de flor em flor. Até que se atirou a mim. Caímos e rebolámos encosta abaixo, entre cócegas e rizadas de pura inocência, até chegarmos ao lago. Então, deitados sobre os verdejantes pastos observávamos as nuvens.
- Aquela ali parece uma flor… - disse entusiasmado, apontando para uma das inúmeras nuvens que povoavam o céu claro.
- Já aquela é parecida contigo – constatei entre risadas, apontando para uma que se assemelhava a uma galinha.
- Tens uma piada… - mas mesmo assim não consegui conter o riso de prazer que explodiu na sua boca – Vá lá, não podemos demorar muito – levantou-se, estendendo-me a mão com cavalheirismo – Quando vossa alteza desejar…
Aceitei a sua ajuda, mas em vez de me erguer, puxei-o para mim, caído novamente, num tufo de erva.
- Agradeço, cavalheiro… Mas infelizmente, ainda desejo permanecer aqui…
- Anda lá… - pediu erguendo-se. Desta vez não me oferecia ajuda, limitava-se a retirar a maior quantidade possível de sujidade do seu belo fato – Eles já devem estar a chegar, e não queremos que o teu pai te ponha de castigo, pois não?
- Claro que não… - resmunguei, levantando-me finalmente – Sabes que detestaria ficar mais um dia presa àquelas quatro paredes, enquanto tu andas por aí… livre como o vento…
- É assim a vida… - proferiu encolhendo os ombros, desatando a rir de seguida.
- Nem sabes a sorte que tens…
- É claro que sei… - sussurrou, aproximando a sua face da minha. A sua respiração descompassada, condensava no meu rosto. Fixei os seus olhos acinzentados, sabia o que faria a seguir e não me importava nada, embora soubesse que era errado. Ele tinha um título, mas não o suficientemente importante para o meu pai. Esqueci tudo isso, tinha de aproveitar aquele momento, saciei então o desejo que sabia ser mútuo. Os meus lábios devoraram a sua boca, as minhas mãos percorreram as suas costas, pousando, nos seus largos ombros, enquanto ele afagava a meu cabelo com as suas mãos.
Foi então que senti. Uma intensa dor, por todo o meu corpo. Gemi ainda com a sua boca colada na minha, ao aperceber-se afastou-se.
- Estás bem? – indagou com grande preocupação.
- Sim… - não queria preocupa-lo, decerto que seria apenas mais um dos muitos ataque, que em breve passaria – Só preciso de voltar para casa… podes levar-me lá?
O rapaz acenou afirmativamente, colocando o meu braço nos seus ombros, de modo a que servisse de apoio. O percurso parecera demorar mais do que o normal, mas na verdade chegamos muito antes do previsto.
- Bem… deixo-te aqui… - disse envergonhado – sabes que não posso avançar mais…
-Não faz mal… - sabia que iria protestar, então beijei-o levemente – vai lá… volta para casa…
Sem proferir qualquer palavra, ele caminhou. Não era necessário trocar palavras entre nós, a nossa ligação transcendia qualquer obstáculos, logo, eu sabia o que ele sentia e ele, sabia pelo qual eu estava a passar, mas respeitava as minhas escolhas. A minha escolha da solidão. A escolha de guardar todo o sofrimento apenas para mim, uma forma de esconder a minha fraqueza.
Cedi então numa tosse compulsiva quando deixei de observa-lo. A dor perfurava-me a garganta e o estômago, gritando para que fosse libertada. O sabor metálico percorreu as minhas entranhas, corroendo ainda mais o meu corpo. Levei a mão à boca, numa tentativa falhada de impedir que aquele líquido jorrasse como sempre acontecia.
Mas tal como previsto, o sangue fora derramado sobre as minhas vestes, empapando o meu vestido com aquele líquido tão negro, como crude.



III parte

Lucinda barafustava mil maldições ao responsável pelo fecho do portal, os seus olhos demonstravam ódio e uma raiva profunda como nunca antes vira. Na verdade, poder-se-ia dizer que a Demónio que me acompanhava era a melhor de entre as melhores a esconder qualquer pensamento pérfido, muito comuns à nossa espécie, e até mesmo, qualquer tipo de sentimentos.
Mas pouco me importava o que ela pensava. Primeira lição para iniciados: Preocupem-se apenas com vocês mesmos, nenhum Demônio é verdadeiramente confiável, eles querem sempre algo em troca. Eu apenas queria regressar para casa, revigorar-me e preparar um novo plano insidioso .
- Só espero que tenha sido aquele reles Anjo Caído… - cuspiu furiosamente – Lucifer não vai gostar nada disto… Nada mesmo… Se os Arcanjos desconfiam… Oh, por Belzebu, que será da minha existência quando eles se aperceberem… - a fúria cobria que nem um manto encarnado – Mas a culpa é toda tua! – gritou insanamente, apontando na minha direção – Sim, tua...
- De que é que me culpas? – questionei.
- Tu sabes perfeitamente… Esta missão deveria ser minha… Minha! MINHA!
Do seu corpo, ressaltaram labaredas de um ódio tão puro como nunca antes vira, atribuindo ao seu cabelo um vermelho seco, como sangue incrustado nas mãos de um assassino.
Aquilo só representava uma coisa, um dos seus ataques de fúria, o pique mais alto de todo o seu poder, mas ao mesmo tempo, a sua maior fraqueza.
Sabia como agir, mas não possuía os materiais necessários. Entrem em pânico. Lucinda investiu, flutuando com as suas vestes por breves istantes. Pareceria um anjo, se não fosse a aura negra que a envolvia, consumindo qualquer réstia de lucidez. Caiu então sobre o meu corpo, esmagando-me que nem inseto. Socou-me consecutivamente, sem cessar.
Sangue jorrava do meu nariz, que se pertencesse a um mortal, decerto se encontraria partido. Pontapeou-me, com as suas botas de pele humana e espinhos que apenas crescem em redor do rio Letes. O meu corpo era perfurado, sarando rapidamente, voltando a ser perfurado e sarando novamente.
Decidiu então deixar de me atacar fisicamente e utilizar os seus poderes demoníacos. Sibilou palavras na língua original e única do Inferno, chamas ergueram-se, consumindo tudo à sua passagem, mas ao depararem-se com o meu corpo cessaram. Inexplicavelmente, o fogo deixou de ser controlado pela sua criadora, passando a ser o meu humilde servo, mas a minha energia tinha sido drenada pelo Anjo Caído, facto do qual apenas me apercebera neste momento.
Maldição, se não conseguisse utilizar a minha energia, decerto que ficaria imóvel durante pelo menos uma semana humana.
Lucinda rugiu, que nem Cérberos à espera de alimento, investiu novamente, mirando os meus olhos, seu qualquer dificuldade, arrancou-me o olho direito da órbita sem qualquer dificuldade.
Gritei de dor, como nunca antes o fizera, embora imortal, a dor era algo que fazia parte do meu ser, uma forma eficiente dos seres superiores controlarem os seus súbditos. O sangue caia que nem cascata negra, manchando a minha face com aquela tom crude, tão natural da minha espécie.
Tremulamente, levei a mão à face, tentando inutilmente, fechar a pálpebra rasgada, para que o sangue parasse. Já Lucinda, continuava com os seus ataques contínuos. Queimara-me o cabelo, até à sua raiz, arrancara-me as unhas, uma a uma e começara a partir os dedos.
Ecoava uma melodia para os seus ouvidos, a minha voz rouca e desgastada com tanto sofrimento. Se ao menos aquele Anjo Caído não me tivesse apunhalado… Era isso! Com dificuldade alcancei o punhal, tendo o cuidado de toca-lo apenas no punhal, e cravei-o no seu peito, no local onde o seu coração se encontraria, se ela o possuísse.
A sua boca formou um grito inaudível, imobilizou-se. Sem forças, Lucinda caiu sobre terra e o seu corpo retornou às cinzas. Nem acreditava no que fizera…
Clap…Clap… Palmas secas deslizaram com a brisa. Alguém se aproximava lentamente, olhei-o, mas não conseguia focá-lo, devido à falta do meu olho.
- Nunca pensei que fosses capaz… - proferiu uma voz profunda.



IV parte

O baile seria durante esta noite. Infelizmente, nesta noite. Apenas a umas horas de distância da minha pessoa.
Mas que maldição me fora rugada para que tivesse de casar com alguém que fosse escolhido neste mesmo dia, durante a “Dança das Doze Badaladas”?
Queria apenas regressar para os seus braços, para que me acolhesse e me contaminasse com o seu calor, contrariamente aos Lordes e Condes pálidos de nariz empinado e pele gélida que incansavelmente me tentavam cortejar com o intuito de herdaram tudo o que me pertencia.
Mas ele não! Apenas queria o meu amor, estava certa disso. E conseguia afirma-lo sem qualquer dúvida.
- Minha senhora, levante os braços, por favor – pedia delicadamente a aia de companhia, enquanto me apertava o espartilho – Só mais um pouco, e… Já está! Olhe como está bela!
Observei-me ao espelho. A minha pele clara empalidecia ainda mais devido ao cabelo negro como breu, delicadamente emaranhado num complexo penteado, caindo numa cascata de cachos de veludo. O vestido de um tom marfim estava salpicado por flores vermelhas como os meus lábios, com delicadas rendas igualmente brancas, parecia iluminar o meu doce olhar.
- Sim… - concordei – Mas sabes que nada disto me interessa… Sabes o quanto eu amo o meu…
-Chiu… - silenciou docemente – as paredes têm ouvidos, nunca se esqueça disso… - murmurou sabiamente.
-Sábias as tuas palavras… - disse secamente. Não por ter sido proferida por ela, mas pelo facto de essa ser a dura realidade – Mas mesmo assim… - suspirei – não há nada que eu menos anseie do que o seu terno abraço e das suas doces palavras…
- Desculpe-me sua alteza… - proferiu delicadamente – sei que não é da minha conta, tal assunto mas… - hesitou.
-Fala – não ordenei, apenas pedi.
-Ele é o herdeiro do maior rival do vosso pai, sua alteza… Esse relacionamento não seria aceite por nenhuma das partes.
Ambos sabíamo-lo. Muito antes de nos conhecermos, muito antes de oferecermos os nossos nomes um ao outro. Muito antes de revelarmos a nossa linhagem.
Muito antes de o nosso amor desabrochar.