sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

FanFic

Olá a Todos!

Aqui vai um novo capítulo da Fic. Se tiverem sugestões para um nome basta enviar um mail para o email do blogue.

Capitulo 5 – Hóspede
I parte

O perfume de floresta entranhava-se no meu nariz, fazendo que acordasse, mesmo assim permaneci de olhos fechados, tentando perceber se estava a sonhar. Se o amor que sabia agora me pertencer era verdadeiro ou apenas um simples truque de uma mente desprovida de sentimentos, esperando que algo tão belo lhe toque o coração.
Poderia continuar assim, pressa aos meus pensamentos, vagueando pelos meus sentimentos, até perceber finalmente o que se passava, mas as mãos que me acariciavam as faces e afagavam o cabelo obrigaram-me a abrir os olhos.
Lentamente, as pesadas pálpebras, ergueram-se mostrando-me, no início, um pouco da imagem desfocada, que rapidamente me revelava as belas feições de um rapaz. Os seus caracóis negros, emoldaram um belo sorriso, não sedutor, apenas quente, até mesmo infantil e muito amoroso, a sua mão, que antes pousava no meu rosto, encaminhava-se para a minha mão, agarrando-a.
Demorei apenas um fração de segundos para que recordasse todo o que acontecera. As memórias, das últimas vinte e quatro horas, surgiam claramente na minha mente.
Os meus lábios, numa tentativa fracassada, quiseram mexer-se, mas o indicador do rapaz que me acompanhava impediu que o fizesse.
- Não te forces, meu Anjo… - pediu, docemente- a rainha dos arcanjos exerceu demasiado poder… Eu tinha de impedi-la, mas mesmo assim não fui capaz de quebrar…
«Não te martirizes … tu nada poderias ter feito…» sussurrei no sua mente.
As suas mãos agarraram o meu rosto, comprimindo-o com delicadeza. Encarou-me, os seus olhos negros, estavam baços, revelando que a tristeza tomara conta deles, mas agora começavam a brilhar. O sentimento de culpa que o atacava desanuviou-se. Inclinou o seu rosto sobre o meu, sem deixar que a nossa ligação ocular fosse quebrada. O seu nariz roçou o meu criando um calor intenso em mim. Sentia a sua respiração pesada, não de medo, mas de um sentimento incontrolável que tentava manter dominado, o seu perfume viajava pelo meu olfacto, transportando consigo um sentimento de nostalgia. Queria beija-lo. Sem pensar colei os meus lábios nos seus, um calor electrizante percorreu todo o meu âmago, a minha boca abriu-se para receber a sua essência, a energia daquele contacto deslizou-me pela garganta, explodindo no meu estômago. Percorri os seus cabelos negros, com os dedos, mesmo não recordando tudo, sabia que o que sentia por ele era verdadeiro e aquele momento também. Era algo pelo qual os dois esperávamos sem demora, mesmo que no meu caso fosse inconsciente.
O chiar das dobradiças da porta daquela divisão, fez com que o nosso momento mágico fosse quebrado. Uma rapariga, que segundos depois identifiquei como sendo Miriam, seguia um rapaz belo, de uma farta cabeleira loira e encaracolada, e uns profundos, doces e sedutores olhos azuis. Patch afastou-se, tomando a sua posição inicial.
- Como te sentes? – inquiriu Miriam preocupada.
- Bem… – a minha voz saiu mais rouca do que alguma vez a ouvira, Patch tinha razão, não me devia forçar.
- Peço desculpa, em nome da minha rainha – proferiu o rapaz. A sua voz profunda acalmou a dor que o beijo de Patch conseguira apagar, totalmente – Devo dizer que mesmo com tanta energia gasta, as informações necessárias continuam apagadas. Tudo o que se conseguiu recolher foram meros fragmentos da sua relação com o anjo caído – dirigiu-se a Patch com desprezo- tudo o resto já é nosso conhecido. A meu ver, a conexão com o demónio ainda não foi desfeita, receio que terei de intervir.
-Demónio? – sussurrei assustada. Onde é que a minha vida irá parar?


II parte

Patch abanava a cabeça em forma de desaprovação, decerto não concordava com o que o rapaz dissera, mas nada parecia poder dizer ou fazer, deixou-se ficar imóvel, sentado na cadeira. Miriam observava-me com uma centelha de preocupação no olhar. Ao reparar que a encarava, sorriu-me. Não era o sorriso divertido que lhe vira quando a conhecera, era um sorriso plástico, forçado, tentando ao máximo tranquilizar-me. Mas o feito fora o contrário. Estava ainda mais assustada, com aquilo que me disseram. O facto de ter perdido a memória e possuir uma ligação com um suposto demónio. Já para não falar que os anjos e os demónios existiam, e sabe-se lá mais o quê… Estava a entrar em completo curto-circuito, quando a voz do rapaz ecoou na divisão.
- Tão certo é existirem anjos como demónios. Somos forças que se equilibram uma com a outra. Ao contrário do que os… - parou um segundo para pensar no que chamaria à minha espécie- … humanos – decerto que nos chamaria de mortais idiotas que só fazem merda, ou melhor blasfemos nojentos que pensam que são o centro do mundo. Mesmo que aparentasse ser muito angelical, a maneira como pronunciara a palavra “humanos”, refletia todo aquilo que ele pensava- pensem ou digam de não passem de mero mito, nós existimos! Somos tão reais como tu, como os animais que o nosso deus criou…
Miriam tossicou, talvez para aclarar a garganta ou até mesmo para deixar a conversa por ali. Patch continuava a observar-me, desviando o máximo possível o olhar do rapaz.
- Devo informar que de agora em diante, visto que é um caso excecional, eu serei o vosso protetor – informou.
- O quê? – exaltou-se Patch, o ódio parecia começar a consumir-lhe o olhar. Numa tentativa de o acalmar, agarrei-lhe a mão com força – Ela não precisa da tua proteção. Eu…
- Tu o quê? Não passas de um reles anjo caído. Que podes tu fazer? Não passas de um insecto que eu posso esmagar a qualquer hora. Ela é demasiado importante para que seja deixada às mãos de um…
- As mãos de um quê? – a fúria estalou finalmente entra eles, o meu amado levantara-se, tentando mostrar que era bem capaz de tal tarefa. Eu continuava deitada, sem sequer conseguir mexer-me, tentando encontrar uma forma para eles parassem com aquele briga idiota.
- Parem!- vociferou Miriam, que até então permaneci tão imóvel quanto eu – Desculpe-me senhor – pediu ao rapaz loiro – pelos actos dele, eu responsabilizo-me pela sua afronta.
Patch estava deveras fulo, mas nada disse, sentou-se sem protestar, enquanto fulminava o outro com o olhar. Já o outro rapaz, não pareceu importar-se continuava no seu pedestal, olhando-nos lá de cima.
- Como eu dissera, fui designada como seu anjo protector… - começou – Tenho o prazer de proteger tão bela dama. Seria rude se não me apresentasse. Sou Mickael, príncipe dos Arcanjos e agora seu protector…
Estava de queixo caído. Mas Patch estava mais furioso do que alguma vez vira.


III parte

Ok, os anjos existem, mesmo… tal como os anjos caídos, e os demónios… E agora eu tinha um anjo protector, ou seja uma espécie de anjo da guarda… Porque eu corro perigo… e tenho uma suposta ligação com um demónio… e as minhas memórias foram apagadas, algo deveras importante para os arcanjos…
Se me dissessem tudo isto, eu provavelmente iria pensar que a pessoa era uma alucinada mental ou que estava a gozar com a minha cara. Mas não, era verdade.
A atmosfera de tensão continuava a pairar sobre nós. Patch fulminava Mickael com o olhar e este apenas o ignorava. Miriam continuava ali, tentando transmitir-me o máximo de conforto e tranquilidade e eu, como que presa àquela cama, de maravilhosos lençóis de seda negra.
- Agora que já se encontram a par das ocorrências, peço-te que saias – o loiro não pedia, simplesmente ordenava.
Miriam abriu a porta imediatamente e saiu, já Patch barafustou algo, beijou-me ternamente e saiu. Aquele beijo propagou energia por todo o meio o corpo, que fez com que me revigorasse.
Estava presa nos meus pensamentos que nem mesmo notei que Mickael se sentara na cadeira que Patch outrora ocupara e observava-me fixamente.
- Não sei o que vês nele – já não utilizava aquele tom de voz autoritário, era apenas… doce.
- Eu…
- Não precisas de explicar… - suspirou – mas devo informar-te que ele cometeu algo de muito errado… Algo imperdoável… De qualquer modo, agora terás de levar comigo, durante uns tempos… – brincou, soltando uma gargalhada quente e agradável – Mas preciso de entrar na tua mente, se me deixares é claro, segundo as regras do anjos, eu não posso faze-lo sem que o humano em causa autorize.
- É claro… acho eu… - respondi confusa.
Sem qualquer demora, aproximou a sua face da minha, comprimiu-a com as suas mãos firmes e suaves. Conseguia ouvir a sua respiração. Não era ofegante como a de Patch, esta
encontrava-se muito controlada. Os seus olhos fincaram os meus, aquele azul era tão profundo como o negro de Patch, mas este era mais frio, sem sentimentos. Viajava por aquele azul, enquanto os seus lábios rasgavam a minha boca.
Viajei, então por memórias passadas, que se projetavam na minha mente como flashes acelerados. Não era doloroso como fora a experiencia com a mulher de olhar violeta, era simplesmente nostálgico e muito triste.
Na grande maioria das memórias, encontrava-me com Patch, noutras com Vee e ainda com a minha mãe. Mas aquela, do meu pai era diferente. Este, encontrava-se sentado no cadeirão vermelho da grande sala de estar, bebericando o seu chocolate quente, enquanto lia o seu jornal diário. A minha mãe, sentada no sofá observava-o, com um olhar de uma jovem apaixonada e sonhadora, já eu, encontrava-me colada ao televisor, vendo um talk show idiota qualquer.
Tudo parecia perfeito, até que o riso histérico e maligno de alguém destorceu aquela realidade. Tudo ficou negro, sem vida. Uma lágrima correu pelo rosto do meu pai. Fui transportada para outra visão. Já não era apenas uma observadora, como nas outras visões, estava dentro de alguém, presenciando o alguém sentia.
A rua estava vazia, sem vivalma, apenas os meus passos ecoavam na noite sem estrelas. A lua observava-me, pálida, sorrindo para mim. Suspirei, um sentimento de terror percorreu a minha espinha, erriçando os pelos de todo o meu corpo. Pressenti a sua presença, sabia que estava ali, bem atrás de mim. Virei-me para confrontar a criatura. Esta lançou-me um sorriso de escarnio, levou a mão ao bolso, retirando um pequeno revolver branco, com punho de marfim. Queria fugir mas as minhas pernas estavam demasiado pesadas para que conseguisse fazê-lo, os meus pés pareciam estar presos ao chão e o tempo, esse parecia encontrar-se em camara lenta.
Apertou o gatilho, uma bala rápida perfurou o meu corpo, como se nada fosse. Senti-me a queimar por dentro, como se aquele metal contivesse algo que me afectava, e muito. O sangue começou a jorrar do local atravessado pela bala, empapando as minhas vestes, escorrendo pelo meu peito. Só pensava nos meus ente-queridos. Não queria que eles sofressem, mas decerto que aquela morte deixaria os meus familiares inquietos e inseguros.
- Nora… - sussurrei, sem forças, queria também chamar pelo nome da minha amada, mas a garganta encontrava-se demasiado seca e a vida fugia-me por entre os dedos.
Acordei ofegante, novamente no quarto. Mickael, encontrava-se ainda ao meu lado, continuando a beijar-me. Ao aperceber-se de que acordara afastou-se.
- Não conheci reconhecer o rosto do assassino… - lamentou – Acho que as memórias que conseguiste preservar ficaram intactas devido à tua relação com o anjo caído… talvez ele sirva para alguma coisa… O melhor mesmo é não te deixar sozinha… Lembra-te não podes confiar em ninguém… - o seu semblante mostrava preocupação, depois sorriu e transformou-se num esboço alegre – Prepara-te para me receberes em tua casa.
- O quê? – balbuciei.

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